sexta-feira, 30 de setembro de 2011

The secret of El Dorado

Arqueologia da Floresta Tropical: Documentário da BBC: "The Secret of El Dorado " - Documentário realizado pela BBC sobre a ocupação humana pré-colonial na Amazônia (em inglês) .
 
BBC documentary about the ancient occupations of the Amazon (in English).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A quem interessa a divisão do Pará?

Difícil é encontrar em Itaituba e Santarém (possível futuro estado do Tapajós) alguém contra a divisão do estado . Realmente as distâncias na região são absurdas. Comuns são os "causos" de oficiais de justiça que viajam 4 dias para entregar um mandado ou intimação e, ao chegar ao destino, não encontram o procurado. Porém mais difícil que achar um contrário à divisão nas cidades supracitadas é compreeender qual será a melhora estrutural que a divisão poderá trazer. Penso que é inegável que nas pretensas futuras capitais estaduais haverá maior circulação de dinheiro oriundo da estrutura estatal ali estabelecida, o que não significa que os serviços públicos chegarão de forma mais eficiente à população. Exemplo disso é o boom de emancipação de municípios ocorrido na década de 1990. Segundo o IBGE, no período de 1990 a 1997, houve um aumento em torno de 22% no número de municípios (de 4.491 municípios para 5.507). Tal aumento não melhorou a eficiência da máquina pública, apenas a inchou. Grande parte dos municípios criados são totalmente dependentes do Fundo de Participação dos Municípios. Condição semelhante viverá o estado do Tapajós que já nascerá deficitário (saiba mais). Crescimento poderá ser visto no poder das elites locais, as maiores interessadas na divisão.

 Abaixo vai mais uma matéria sobre o tema, dessa vez não foi publicada pela Folha ou Estado.

A quem interessa a divisão do Pará?

Após calendário eleitoral ser anunciado pelo TSE, discussão esquenta no estado da região Norte

Matéria publicada no BRASIL DE FATO (25/08/2011). 


Márcio Zonta
de Marabá (PA)

Uma chuva atípica em pleno verão amazônico fez a cidade de Marabá receber um frescor especial na manhã posterior à divulgação do plebiscito que pode dividir o estado do Pará.
No dia 11 de dezembro de 2011, os paraenses vão decidir se aceitam a divisão do estado em “Pará remanescente”, o estado de Tapajós e o de Carajás.
Se a chuva refrescou a cidade, que nesse período do ano chega a ter uma temperatura de aproximadamente 40 graus, com a notícia do TSE os marabaenses esquentaram ainda mais em debates fervorosos, que perpassam a universidade, as mesas de boteco e as reuniões dos movimentos sociais da região.

Esperança e desconfiança
Na capital do eventual estado de Carajás, Marabá, que em menos de cem anos mudou seu cenário de uma vasta floresta para construção de seu primeiro shopping, e, atualmente, vê a maioria de suas ruas fétidas com esgotos a céu aberto, a esperança e a desconfiança dividem a opinião das pessoas sobre a criação da nova unidade federativa.
“Meu voto é sim, embora não esteja confiante. Pode ser uma utopia nossa achar que com a divisão do estado, o sul do Pará vai melhorar em educação, saúde e transporte”, disse a estudante Nilce Silva do curso de pedagogia da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Sua colega de curso, Cecília Guimarães é mais incisiva. “Meu voto é sim, na esperança de uma melhor distribuição de renda”, afirmou.
Ainda andando pelo Tapiri – uma imensa oca que fica na parte central da UFPA de Marabá – percebe-se realmente que o assunto principal dos estudantes não são os trabalhos acadêmicos. Ali, opiniões contrárias à criação do estado surgem. “Sou contra a divisão, isso só vai centralizar poder a um grupo de políticos da região”, diz a estudante do curso de Educação do Campo Claudenir Assunção.
Extrapolando os muros da universidade, o vendedor ambulante Marcelo Vieira, num andar apressado, suado e oferecendo aos banhistas na praia DVDs e CDs piratas com bandas de melody, um ritmo musical da região, ao ser perguntado sobre a divisão do estado pensa e diz: “moço, eu sou contra, vai ser mais político para roubar”.
Já o açougueiro Odvam Lopes, entre uma martelada e outra para desossar uma peça de carne, diz rapidamente: “Sou a favor da divisão, vai melhorar nossas estradas e vêm mais empregos para nós”. Sobre Tapajós, a esperança também vem à tona e o assunto também dita o ritmo de Belterra, cidade que fica a 45 km da possível futura capital Santarém. “Na realidade o que a gente fica recebendo aqui são migalhas que vêm do Estado, do governo do estado lá em Belém.”, reclama o aposentado Sergival Pantoja.
“Há uma distorção na distribuição de verbas para questões públicas e de infraestrutura. Essa divisão é necessária tanto para Tapajós quanto Carajás”, diz Wilson Teixeira, assistente social e historiador, membro da comissão de articulação e mobilização da campanha pró Carajás e Tapajós.

Para quê? E para quem?
Mas se a esperança e a desconfiança estão presentes nas ruas, para muitos, antes de qualquer debate precisa-se perguntar quem seriam realmente os principais interessados na divisão do estado do Pará. Residente em Marabá, Rogério Paulo Hohn, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) discorda da forma como vem sendo abordado o assunto. “Em vez de dizermos se somos favor ou contra, temos que discutir: Carajás e Tapajós para quê? E para quem? Num debate muito mais político”.
Sentado numa mesa do Tapiri, o professor do departamento de sociologia da UFPA Cloves Barbosa remete à história do estado paraense para elucidar a alguns alunos sobre os interesses inclusos nessa divisão. “Esta região já passou por fragmentações e fusões desde a época do império, tanto português, quanto nacional com os governos de Pedro I, Pedro II e Princesa Isabel. No início, o território que hoje é denominado de estado do Pará já fez parte da província do Grão-Pará. Esta província abrangia os estados do Maranhão, do Pará e do Tapajós. A reorganização territorial da República, e mesmo antes, redimensionou os territórios e chegou-se à atual configuração geopolítica”. E diz aos alunos que tem verdadeira clareza sobre os que querem fazer a divisão do estado. “É uma fração da classe composta pelas pessoas que exercitam o agronegócio. A razão para isto é que as exportações brasileiras vêm enfrentando uma série de restrições, principalmente da região do euro, que é composta de boa parte de pessoas que são sensíveis às questões ecológicas e fitossanitárias”. Com a criação, especificamente do estado de Carajás, o professor diz que seria uma forma de isentar preocupações com os impactos de suas atividades sobre a fl oresta amazônica. “Estes agentes poderão dizer que no estado de Carajás não existem mais remanescentes de floresta nativa, e que a região é de pastagens e de extrativismo mineral. Trata-se, portanto, de um negócio puramente burguês”, explana.

Vale e Dantas
Falando em mineração, a principal transnacional da região, a Vale, isenta-se de qualquer debate sobre o assunto, e por e-mail apenas respondeu a reportagem: “Não temos comentários sobre este assunto”. Mas Barbosa alerta, “pode ser que seja mais fácil para a empresa realizar negociações com um estado iniciante e necessitando de recursos do que com uma máquina administrativa estabelecida e que apresenta seus interesses específicos já bem definidos”.
Mas nem só a Vale poderá ser beneficiada com o surgimento de duas novas federações. O grupo Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas, seria um dos principais interessados, sobretudo, na criação de Carajás. Segundo relata o diretor regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Jandir Merla, Marabá seria uma capital provisória e a capital definitiva seria construída entre os municípios de Eldorado dos Carajás, Xinguara, Sapucaia e Rio Maria. “É justamente nessa faixa do estado paraense que Dantas mais comprou terras nos últimos tempos, vejo o gado como fachada, pretexto. Para mim, o grupo de Dantas por ser muito forte teve informações privilegiadas e sabia que a nova capital de Carajás poderia ser construída naquela região”, diz.
Tanto que parte dessas terras de Dantas, no momento litigado pelo Incra, para desapropriação para fi m de reforma agrária, é negada veementemente pelo grupo de advogados que defende o banqueiro. “O grupo Santa Bárbara oferece outras terras que estão fora dessa área, mas essas ele não aceita vender para o Incra”, revela Merla.
Vai caindo a noite em Marabá. Antes de o professor Cloves levantar-se para ir embora, dá o último aviso aos alunos: “trata-se de uma grande jogada, e que, se vitoriosa, exigirá que os trabalhadores do campo e da cidade repensem e redimensionem as suas lutas por um mundo igualitário”.

Matéria publicada no BRASIL DE FATO (25/08/2011). 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Coforme mencionado na postagem anterior, já estávamos familiarizados com o jingle e os panfletos/poster/adesivos da campanha pelo sim. Vimos adesivos pelo SIM (divisão) nos carros da Record e SBT de Itaituba, além de cartaz (dia 01/09, antes do início oficial da campanha) no terminal turístico de Santarem.




Começou a campanha pela divisão do Pará - Ouça os jingles

Apesar de só ter começado oficialmente no dia treze de setembro, a campanha pela divisão do estado do Pará já estava  a todo vapor há alguns meses. Tanto que às vezes nos pegamos cantarolando o jingle do Duda Mendonça pela divisão do estado. Cartazes e adesivos também ja podiam ser vistos nos últimos meses, inclusive em locais públicos e em automóveis das emissoras Record e SBT de Itaituba. Não é nossa intenção que saiam cantarolando a musiquinha do Duda por aí, mas vale dar uma ouvidinha.

Abaixo vai uma matéria da Folha de São Paulo com os links dos jingles. Para ver a matéria na fonte: http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/974462-ouca-jingles-a-favor-e-contra-a-divisao-do-para.shtml 




Ouça jingles a favor e contra a divisão do Pará

FABIO RODRIGUES
DE SÃO PAULO (13/09/2011 - 12h43)

A partir desta terça-feira está liberada a campanha nas ruas contra e a favor da divisão do Estado do Pará para criação de duas novas unidades da federação, Carajás e Tapajó.
A propaganda no rádio e na TV, contudo, só começa no dia 11 de novembro, um mês antes do plebiscito, que será realizado no dia 11 de dezembro.

Paraense, jogador Ganso fará campanha contra a divisão do Estado
Deputados lançam frente em favor de Carajás e Tapajós
Duda Mendonça diz não ser o que os jornais mostram
 
Favorável à divisão, o marqueteiro Duda Mendonça criou um jingle com características semelhantes ao material feito para o ex-presidente Lula e para a presidente Dilma Rousseff. O ritmo escolhido foi o sertanejo.


Ouça o jingle produzido por Duda Mendonça:

 
Ouça jingles a favor e contra a divisão do Pará
Cartazes da campanha contra e a favor da divisão do Pará



Para contra-atacar a campanha, uma das frentes contrária à divisão vai usar como garoto-propaganda os jogadores do Santos Paulo Henrique Ganso e o lateral-direito Pará --ambos paraenses.
De acordo com a assessoria de imprensa da "Frente em Defesa do Pará", o jingle oficial da campanha será apresentado nos próximos dias. Entretanto, circulam na internet algumas versões produzidas por movimentos populares que são contra a divisão.

Ouça o jingle 'Não separa, não':
Entenda o processo de divisão
 
Quase dois séculos depois, o Pará reedita a Cabanagem, revolta do século 19 em que índios, negros e mestiços tomaram o poder na então província. Os novos rebeldes querem separar as regiões oeste e sul e fundar os Estados de Carajás e Tapajós.
A insurgência nasceu com o sentimento de abandono político e isolamento territorial e a desigualdade econômica entre a capital, Belém, e regiões remotas do interior.

Editoria de Arte/Folhapress

Mas há diferenças históricas entre os dois projetos de Carajás e Tapajós.
O primeiro é capitaneado por uma elite econômica nova e poderosa, que quer gerir os recursos minerais e a forte agropecuária da região.
O segundo tem maior legitimidade, pois nasceu há 150 anos, mas carece do tônus econômico do vizinho.
Contra ambos estão empresários e políticos da região metropolitana de Belém, que não aceitam perder 86% da área e 44% do PIB.
O governador do Estado, Simão Jatene (PSDB), apontado como contrário à divisão, tem procurado se manter neutro, mas recomenda cautela no debate acalorado.
Será a primeira vez que, no Brasil, um plebiscito vai decidir sobre a criação de novos Estados, e só agora as regras estão ficando claras. Uma delas foi um revés para partidários do "sim": a consulta será no Estado todo, não só nas regiões que querem se separar.

Código Florestal é aprovado em comissão do Senado

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) aprovou ontem o parecer do relator Luiz Henrique (PMDB-SC) ao projeto de reforma do Código Florestal, sem examinar o mérito do texto nem das 96 emendas apresentadas pelos senadores. Relator em duas outras comissões - Agricultura (CA) e Ciência e Tecnologia (CCT) - , Luiz Henrique pediu "um voto de confiança" aos colegas, em função do seu compromisso de examinar as alterações sugeridas posteriormente.
A ex-senadora Marina Silva disse estar preocupada com a intenção de acelerar a votação do Código para conclui-la em outubro. E afirmou que não houve disposição de acolher as contribuições da sociedade. Em sua opinião, o texto está tão ruim quanto o aprovado na Câmara.
Luiz Henrique é criticado por ambientalistas por ter sancionado em 2009 uma lei, quando era governador de Santa Catarina, que reduziu a faixa de proteção das matas ciliares de 30 para até 5 metros.
O senador se comprometeu a elaborar um voto em conjunto com o relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jorge Viana (PT-AC). Ele alterou, ainda, trechos de artigos que estabeleciam a necessidade de futura regulamentação, especificando que as "questões em aberto" devem ser sanadas "em ato do chefe do Poder Executivo".
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentou um voto em separado, mas o texto foi prejudicado pela aprovação do parecer do relator.
O senador Luiz Henrique sinalizou que deverá aceitar a sugestão do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) de adotar regras para remunerar agricultores que mantiverem florestas em suas propriedades, como pagamento por serviço ambiental.
Nas quatro horas de debate ficou claro que o impasse permanecerá nas três outras comissões. Um exemplo é a defesa do senador Lindhergh Farias de ampliar as áreas de Áreas de Preservação Permanentes (APPs).
Já a senadora Kátia Abreu, que deixou o DEM e pretende ingressar no PSD, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), alega que tal medida obrigaria a retirada dos moradores da Rocinha e de outras comunidades instaladas em morros do Rio.

Publicado n"O Estado de S.Paulo", dia 22/09/2011
ROSA COSTA / BRASÍLIA