quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Assassinato no Pará mostra a total ausência do Estado na região

Há no texto abaixo publicado pelo Instituto Socioambiental um link para o bom e belo relatório produzido em junho deste ano sobre a RESEX, particularmente sobre a re-abertura de um ramal na área. Há algumas versões sobre o papel da vítima na região, algumas fontes informaram que ele não era necessariamente um extrativista, o fato é que o crime foi motivado pelas denúncias contra madereiros. 


Assassinato no Pará mostra a total ausência do Estado na região


João Chupel Primo foi assassinado no último sábado (22/10)em Miritituba, distrito do município paraense de Itaituba, depois de denunciar ao Ministério Público Federal de Altamira, a exploração ilegal de madeira na Resex Riozinho do Anfrísio e na Floresta Nacional Trairão.


João Chupel Primo tinha viajado para Altamira para denunciar esquemas de exploração ilegal de madeira na Reserva Extrativista do Anfrísio e na Floresta Nacional do Trairão. Ao retornar para Itaituba foi assassinado com um tiro na cabeça, dentro da oficina onde trabalhava.
As denúncias ao MPF em Altamira, feitas na última quinta-feira, 19/10, dão conta de que o Projeto Assentamento Areia, que faz fronteira com a Resex Riozinho do Anfrísio, situada na Terra do Meio, é a porta de entrada dos madeireiros. Essa situação já tinha sido constatada em setembro do ano passado depois de uma expedição realizada por técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o ISA. O relatório com os resultados, denominado Via de Direito, Via de Favor, foi entregue ao ICMBio em janeiro deste ano e divulgado em setembro último. Revelou que imagens colhidas durante a expedição e atualizadas recentemente apontam para a degradação florestal oriunda de atividade madeireira no interior da Resex. Os relatos dos moradores dão conta de ameaças a lideranças ribeirinhas e intimidações de grileiros, praticamente as mesmas que motivaram a demanda pela criação da Unidade de Conservação em meados dos anos 2000.
A análise de uma imagem recente de alta resolução do satélite ALOS indicou a existência de uma intrincada rede de pequenas estradas numa área específica da Resex Riozinho do Anfrísio e que, segundo depoimentos de moradores, estaria sendo, nos últimos meses, objeto de intensa atividade predatória. A interpretação dessa imagem e de outras de menor resolução permitiu delinear mais de 119 quilômetros de ramais madeireiros no limite oeste da Resex. Veja o mapa publicado no relatório.




Mapa mostra as principais frentes de penetração de grilagem na Resex Riozinho do Anfrísio nas últimas décadas. Destaque para o Assentamento Areia, na face oeste da Resex. Clique para ampliar
 
Entre as recomendações do relatório entregue ao ICMBio estão: intensificar a fiscalização; investigar a fundo para desmontar o “esquema” de roubo de madeira a partir do Assentamento Areia e instalar bases do governo na fronteira da Resex.

Ação do MPF
O Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal que garanta proteção para as testemunhas que juntamente com Chupel denunciaram, na quinta-feira passada essa rota ilegal de exploração madeireira. O MPF acredita que o crime tenha relação direta com as denúncias que Chupel fez em Altamira. Notícia no site do MPF Pará (link) revela que ele já havia feito denúncias à Polícia Federal e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração das Unidades de Conservação que estão sendo invadidas por madeireiros”.

Fonte: ISA, Instituto Socioambiental (25 de outubro de 2011) http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=3439

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